A Besta - Conto de Terror - 4º Capítulo

30 outubro 2017

A Besta - Conto de Terror - 4º Capítulo

4


O Corretor de imóveis Celso Carvalho era um dos mais conceituados da cidade e sua corretora estava em primeiro lugar nas vendas de imóveis. E não foi surpresa alguma quando recebeu uma ligação sobre a venda de uma casa em um condomínio novo, na zona oeste.

Avisou sua secretária, Maria de Jesus, que nas horas vagas também era sua amante, que ia atender um cliente pessoalmente. Quando era uma venda importante em um local como um condomínio de casas ou apartamentos, Celso fazia questão de ir, pois a grana que ia receber como gratificação seria grande. E, mais do ninguém, ele adorava dinheiro. Quanto mais, melhor! Era seu lema.

Mesmo tendo uma amante, Celso não era exatamente conhecido como um cara bonito. Na realidade, era bem o contrário, mas ele tinha uma lábia e uma conversa que conseguia convencer muita gente. Só assim para manter uma esposa e uma amante. Fora o dinheiro, claro. Isso ajudava bastante.

Quando chegou na casa oferecida pela sua imobiliária a pessoa que iria atender já tinha chegado e Celso, todo sorriso foi logo cumprimentar.

— Olá, boa tarde. Tudo bem com você? Muito bem, vamos até a casa? Só mais alguns metros. Temos inclusive uma casa igual, toda mobiliada que é para os clientes terem uma noção de como ela fica.

— Tudo bem, vamos até a casa vazia primeiro. Depois a gente vai na mobiliada.

— Maravilha! Se ficar com a casa, estará fazendo um ótimo negócio. Os seus vizinhos de condomínio serão gente com dinheiro, tudo grã fino, não terá problemas com vizinhança. E as condições para aquisição do imóvel também são ótimas, uma entrada de qualquer valor e o restante será financiado pelo banco, ou pela própria construtora. Viu, como é fácil? — Disse, dando um largo sorriso.

— Fico feliz, pois realmente estou querendo muito um imóvel nesta parte da cidade.

— Então tenho certeza que conseguiremos fazer negócio.

E assim se dirigiram para o imóvel vazio. Como corretor, Celso tinha as chaves mestras de todas as casas, em todos os empreendimentos que tinha a seu dispor na imobiliária.

Chegaram na porta de uma das casas prontas, abriu a porta e entraram. A sala era ampla e podia ser dividida em dois ambientes, uma sala de visita e uma sala mais íntima. A cada cômodo que visitavam Celso abria mais ainda o sorriso e falava muito bem da casa, das características, do que a pessoa teria direito. Ficaram um bom tempo na suíte, que também tinha um bom tamanho, um closet e um banheiro que só ele tinha um tamanho de quarto de qualquer apartamento da cidade. Tinha a opção de instalação de uma banheira de hidromassagem.

Os outros quartos, em número de dois, também eram amplos, ambos com armários embutidos e o banheiro que atenderia os quartos era bem discreto.

A cozinha era enorme com uma bancada tipo americana, dividindo o cômodo, e com espaço para uma mesa de jantar.

Naquele momento a pessoa se virou para Celso e disse:

— Estou com fome.

— Oi? Não entendi. Está com fome? — Perguntou, meio incrédulo com a pessoa. Era meio da tarde, estava mostrando a casa para o cliente e a pessoa do nada diz que está com fome?

— Estou com fome. — Repetiu.

Depois de dizer isso a pessoa foi até ao banheiro mais próximo e segundo depois voltou. Completamente nua!

Celso engasgou e não sabia se ria ou se aproveitava, já que era uma cliente, e muito bonita, por sinal.

— Olha, eu estou trabalhando, mas se você realmente quiser se divertir, a gente pode aproveitar. Mas já adianto que isso não vai me convencer a lhe dar qualquer bônus pelo imóvel.

Mal terminou de falar e Celso prestou atenção que alguma coisa estava errada. A mulher parecia que estava mudando. O corpo dela tremia muito. Mas, nem estava tão frio assim, mesmo ela nua, e a casa estava até mesmo um pouco quente.

Mas o que fez ele ficar paralisado foram os olhos. Aqueles olhos ficaram vermelhos, hipnotizantes. O corpo começou a se transformar na frente dele. A pele foi ficando mais arroxeada e mais musculosa. Parecia que tinha escamas, mas podia ser impressão de Celso, que assistia a mudança completamente mudo. O que fez soltar um grito de susto foram os dentes alvos e afiados que ela apresentou quando deu um sorriso maligno. Até então, Celso não tinha tido a ideia de fugir, mas depois de ver aqueles dentes, sentiu uma necessidade urgente de ir ao banheiro, ou fugir, não exatamente nessa ordem. Quando decidiu correr, já era tarde.

A criatura deu um salto e caiu nas costas de Celso que somente soltou um gemido de dor e soltou o ar que tinha nos pulmões. Com as mãos, aquela fera segurou a cabeça de Celso, perfurando os olhos com as garras muito afiadas. O pobre homem gritava muito,  mas não havia ninguém ali que pudesse ajuda-lo, estava completamente sozinho com um horror saído de um pesadelo.

Sem muito esforço, Celso teve a sua cabeça extraída do corpo, como se fosse um pelo encravado sendo retirado da pele. A fera olhou um pouco para a cabeça e em seguida a jogou longe, batendo na parede da cozinha e caindo no chão, quicando um pouco, como uma bola.

Depois, virou o corpo do recém falecido corretor e com as garras abriu a barriga do mesmo e começou a comer os órgãos internos, deixando o coração por último.

Quando terminou e se sentindo saciada, foi aos poucos voltando ao normal. E como estava toda suja de sangue, pegou a chave mestra que estava pendurada na calça de Celso e foi até a casa mobiliada, onde se lavou e, de toalha, retornou para onde estavam suas roupas. Calmamente se vestiu, apagou o que poderia ter suas digitais no molho de chaves e saiu.


continua...

último capítulo será postado dia 31.10.2017 - Dia das Bruxas.






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